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A 14ª
reunião ordinária da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Educação
Superior Privada da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj)
foi realizada nesta quinta-feira, dia 08 de novembro, presidida pelo deputado
Paulo Ramos (PDT) e tendo como relator o deputado Robson Leite (PT), ouviu o
pró-reitor da Universidade Candido Mendes, Alexandre Gazé; a coordenadora-geral
da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino
(Contee), Madalena Guasco; o Secretário de Finanças da Contee, Fabio Zambon; e
o diretor da Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp), Celso
Napolitano.
Alexandre
Gazé, que na oitiva passada, retirou-se em breve intervalo entre um depoente e
outro sem comunicar aos deputados, complementou informações pendentes da semana
anterior. Questionado sobre a criação da empresa “Telos Participações S/C
Ltda”, entre outras ligadas à Ucam, ele afirmou que “nunca funcionaram, pode
ter durado um ou dois anos, mas não há registro de funcionamento”. Sobre as
relações de trabalho adotadas para professores da pós-graduação, Gazé disse que
“a Candido Mendes não terceiriza serviços. A prestação de serviços que falo é
do professor que é responsável por um módulo. Não tem contrato permanente de
professor, ele não é obrigado a dar aula permanente, é contratado para dar
aquele módulo. Normalmente é assim que se faz, ele dá aquele módulo e aí volta
em outro curso, ou em outro capítulo, se houver. Não há habitualidade para justificar
uma contratação no quadro de contratação”. Gazé também afirmou acreditar no
auxílio da Educação a Distância (EAD) para o combate ao analfabetismo. Desta
vez, o pró-reitor pediu licença para retirar-se da reunião ordinária ao término
do seu depoimento.
A
coordenadora-geral da Contee, professora Madalena Guasco, fez um histórico da
Educação Superior privada no Brasil e contextuou a atual situação brasileira.
“A educação privada no Brasil tem mais de um século. Em vários momentos,
tivemos um embate entre público e privado, porque os interesses da rede privada
impediam o desenvolvimento da rede pública em alguns momentos. Então
enfrentamos esse debate há mais de um século. Nesse período, esse implemento da
rede privada, a partir da década de 90, tem características muito específicas.
Ela não é exatamente igual como foi no período militar. Ela tem uma
característica nítida de mercantilização. De empresas que atuam no setor
educacional com o objetivo, obviamente, do lucro”, analisou a professora.
Madalena falou também da financeirização da Educação, e da mudança de mantença
sem aviso ao Ministério da Educação (MEC). “A partir de 2005, tivemos o que
chamamos de financeirização e desnacionalização da Educação Superior no Brasil.
O que chamamos de financeirização é a acelerada formação de conglomerados
econômicos no campo educacional, que passaram a atuar na Bolsa de Valores,
abrindo capital, então muitas instituições que eram ‘sem fins lucrativos’,
passam a ser ‘com fins lucrativos’, através da oferta pública de ações.
E, ultimamente, algumas instituições com fins lucrativos estão participando
também desses conglomerados e pior: sem avisar ao MEC. Eles vendem e mantém os
dados no MEC. Por isso que MEC está preocupado em criar uma autarquia, para ter
o objetivo de fiscalizar melhor a Educação Superior”, declarou.
Celso
Napolitano, diretor da Fepesp, abordou o regime de horas-aula dos professores e
a democratização dentro das universidades privadas. Para ele, há também uma
grande discrepância entre mantenedoras e mantidas: “há Universidades
Particulares e Centros Universitários e sabe com qual característica? Centros
Universitários possuem autonomia; só têm direitos, não têm deveres. Não
precisam cumprir os parâmetros mínimos exigidos para as universidades, o que deixa
o MEC de mãos atadas. A autarquia veio para suprir essa lacuna em termos de
fiscalização. E o MEC não pode simplesmente fechar uma universidade. Em São
Paulo temos um exemplo: uma mantida paupérrima, a mantenedora riquíssima. Ficou
três anos sem pagar aluguel, foram despejados. Demorou 5 anos para que o MEC
conseguisse fechar a universidade. Aí tem que pagar professor, tem que
depositar fundo de garantia. Ainda há dívidas com os professores, até porque a
mantida é paupérrima. Aí se tenta bloquear as contas, não tem o que bloquear.
Tenta-se bloquear os bens, mas a mantida não tem bens; quem tem bens é a
mantenedora. E a mantenedora, muitas vezes, já transferiu os bens para
terceiros.”
O
presidente do Sinpro-Rio, professor Wanderley Quêdo, ressaltou que a Ucam ainda
não pagou o 13º salário de 2011, entre outras dívidas, e que a Universidade
Castelo Branco (UCB) está com salários atrasados há 3, 4 meses. “Tudo isto
deixa os professores em situação precarizada. Pois se as IES tentam negociar
pagamentos de salário, os docentes, por sua vez, não podem negociar dívidas
como aluguel, supermercado etc. Nosso dever, enquanto representantes de uma
categoria profissional, não é tentar fechar IES, mas sim lutar pelos direitos
dos trabalhadores”, argumentou.
“Pausa
nas oitivas, mas não no trabalho”, afirmou Paulo Ramos
A CPI fará uma pausa nas suas oitivas. Mas, segundo o presidente, deputado
Paulo Ramos, a comissão não fará pausa no trabalho: “temos muitos documentos e
relatórios aguardando análises e encaminhamentos”.
Como o recesso parlamentar
começará no dia 21 de dezembro, as oitivas da CPI retornarão após o término
deste prazo, marcado para 1º de fevereiro.
Confira
as fotos da décima quarta reunião ordinária da CPI clicando aqui.
Acompanhe o andamento dos trabalhos da CPI pelo
site do Sinpro-Rio: www.sinpro-rio.org.br e/ou denuncie irregularidades
pelo email cpiedusuperior@sinpro-rio.org.br
A 14ª reunião ordinária da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Educação Superior Privada da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) foi realizada nesta quinta-feira, dia 08 de novembro, presidida pelo deputado Paulo Ramos (PDT) e tendo como relator o deputado Robson Leite (PT), ouviu o pró-reitor da Universidade Candido Mendes, Alexandre Gazé; a coordenadora-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), Madalena Guasco; o Secretário de Finanças da Contee, Fabio Zambon; e o diretor da Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp), Celso Napolitano.
A CPI fará uma pausa nas suas oitivas. Mas, segundo o presidente, deputado Paulo Ramos, a comissão não fará pausa no trabalho: “temos muitos documentos e relatórios aguardando análises e encaminhamentos”.